A jornalista Silvana Sá da ADUFRJ procurou-me para que ouvir minha opinião sobre a instrução normativa do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão (MPOG) que determina a aferição da negritude em concursos públicos. Motivada pelo convite e pelas conversas com Fernanda Cockell e Helena Fialho, manas do Coletivo NegraMãe escrevivi.
Desde quando no Brasil Preto precisa provar que é Preto gente?
Resposta: desde que pessoas BRANCAS estão usurpando na maior cara de pau direitos destinados a pessoas PRETAS. Já passou da hora de situar a branquidade em todo este debate, que vai muito além de ser contra ou a favor da normativa sobre comissões de aferição da negritude em concursos públicos.
Desde quando no Brasil Preto precisa provar que é Preto gente?
Resposta: desde que pessoas BRANCAS estão usurpando na maior cara de pau direitos destinados a pessoas PRETAS. Já passou da hora de situar a branquidade em todo este debate, que vai muito além de ser contra ou a favor da normativa sobre comissões de aferição da negritude em concursos públicos.
A questão principal é que se
estas comissões são recorrentemente defendidas por ativistas dos movimentos
sociais negros não é com objetivo de propagar eugenia, ressuscitar a
Antropometria de Lombroso, Nina Rodrigues e cia ou métodos equivalentes, métodos estes aliás criados pelas elites brancas e racistas de nosso país. É bem mais reto e
chão que isso.
É simplesmente porque existem pessoas brancas beneficiando-se, tirando proveito, take advantage das cotas raciais, um recurso destinado a pessoas negras a partir de muita
luta, trabalho e pesquisas dos ativistas dos movimentos sociais negros e
aliados brancos.
Dos pontos de vista de parte dos
ativistas negros (é sempre bom lembrar que Movimento Negro não é uma coisa só),
as implementações de comissões de aferição têm o sentido de “tentar manter e
aprimorar políticas de Ações Afirmativas” como diz Jessyca Hipólito em seu brilhante texto. No caso do governo
interino, diga-se de passagem, ilegítimo, o objetivo é reforçar o racismo, desqualificando
uma política duramente conquistada e preterindo as populações negras do acesso
à educação e aos empregos públicos.
Foca, foca, foca! Oportunismo
branco resolvido com a culpabilização das pessoas negras. Mais uma das muitas
marcas do Brasil machista, racista e patriarcal. A gente vê por aqui...
Oportunismo: marca registrada da branquitude!
ResponderExcluirInteressante como os oportunistas seculares descobrem os subterfúgios quando construímos algo para transgredir a hegemonia.
ResponderExcluirNas primeiras horas do amanhecer pretendem abrir brechas na escuridão e se disfarçar de negrxs...Aproveitar uma brecha e se agarrar na (in)concretude da miscigenação para se aproveitar de uma ação potente e afirmativa como a política de cotas.Nesta hora vale "ser negrx".
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